terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Radar

Retrospectiva 2008 Parte I

Construindo um Novo, Ideal..A profecia construtivista.



Bom, acho que desde o início de 2008, ano que já está indo embora, que venho paulatinamente tomando digamos, uma certa antipatia, a estética MTV, orgânica e arabesca, que invadiu o cenário visual das mais diferentes manifestações artísticas e da produção do design durante todo o ano.

Um dia amei e claro que hoje cuspo no prato que me deliciei; normal, as difusões visuais também seguem um ritmo e tem lá suas modas, e como toda boa moda, carrega todas as etapas de evolução de um produto, tais como Introdução, Crescimento, Desenvolvimento, Maturidade e Declínio.

Dessa forma, como mesmo previu o designer Pietari Posti o ano de 2008 seria mais geométrico, com muitas cores e orgânico, e assim o foi. E como foi !!! Vimos a tendência invadir o mobiliário das casas, a programação visual de inúmeras campanhas publicitárias, o vestuário, acessórios e todo o tudo mais que de superfície ele pode apropriar.


A palavra de ordem foi a beleza, a simetria e o equilíbrio das ilustrações, que retratavam ou extraiam muitas vezes elementos da natureza. Foi bom e muito belo enquanto durou. Com a super-exposição das imagens e com a hiper-produção dessa estética ( e o nosso querido Lipovetsky em A Felicdade Paradoxal, pode explicar melhor essas reações prefixas das sociedades do hiperconsumo) para nós que fazemos parte e colaboramos na especulação dos novos motes estéticos, fica difícil não perceber que tal produto já se encontra na fase do Declínio.
Mas ela não foi fiel a si própria do início ao fim, os designers começaram aos poucos a imprimir um pouco de surrealismo, depois uma pitada de elementos flúor, algo mais próxima à década de 80 misturando com os elementos da cultura trance...nada que não tenhamos percebido no comportamento da metade e forte parte dos consumidores, os jovens.


O antagonismo entre as diferentes impressões da mesma moda, acaba criando então novas modas. Assim, houve quem começou a inacabar as ilustrações, criando um paradoxo totalmente impactante à perfeição orgânica das imagens ultramente photoshopadas. Respiramos nessa fase com alívio.




Nesse meio longo tempo vinha buscando uma composição que não fosse tão apolínea, que fosse desconcertante no entanto coerente, que tivesse equilíbrio, que fosse mais "difícil" ! Iniciei então uma pesquisa sobre os cartazes russos. Velhos conhecidos, é de uma inteligência estética totalmente conveniente ao seu processo de produção: a escassez levando à criatividade a partir da utilização de técnicas "rudimentares" e da excelente apropriação do método visual resultando em imagens de forte apelo estético.

Como as cartazes russos eram produzidos com o objetivo de informar à massa popular, que na sua maioria era analfabeta, a sua formação é complexa e a leitura da imagem é até demorada uma vez que temos que ler os signos, compostos por uma profusão de imagens e simbolos, para depois compreender a mensagem, que é longa e necessita ser mais detalhada, levando a um grande apelo criativo quandos se conseguia a síntese. Fantástico.

Me apaixonei pelo construtivismo.


Resolvi me tatuar, mas a competência do tatuador não estava em sintonia com o que no momento eu podia pagar. Me calei. Agora acho que é a hora; em 2009 certamente algo muito contrário ao art nouveau nouvelle irá surgir. O espiríto do tempo já começa a confluir, e estou aqui para adiantar o meu primeiro sinal.

Em 2009 que venham os profetas construtivistas, que venham a geometria e que surjam profetas sagazes e competentes de empregar com criatividade as já tão maltratadas ( no sentido da estagnação das modas) Leis da Gestalt.



da redação, Diane Lima.

* Para enriquecer mais o repertório sobre o assunto visite:

- http://www.ecsbdefesa.com.br/defesa/index.php?option=com_content&task=view&id=592&Itemid=53 - Os cartazes russos e a comunicação com as massas (PDF)
- todas as imagens foram retiradas de sites encontrados na categorias Não coisas, Bem-vindos e Modas e modos, aqui do BLog.

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